O Dia Mundial dos Professores, comemorado a 5 de outubro, é uma data celebrativa das virtudes e da importância da nossa profissão, mas é também uma oportunidade, que a UNESCO tão bem utiliza, para relembrar os grandes desafios e constrangimentos que afetam os docentes.
Neste ano, o mote “Valorizar os docentes, melhorar a sua condição profissional” reflete uma das maiores preocupações internacionais que abalam os professores e educadores, mas também os próprios sistemas educativos e, evidentemente, o próprio futuro das nações.
O desfasamento entre a importância social da profissão docente e a sua real valorização compromete o desempenho, pois, não obstante o professor ter, regra geral, um espírito de missão que o leva a concentrar-se nos seus alunos, a verdade é que anos a fio de desvalorização social e económica acentua o desgaste natural de uma profissão muito exigente.
Assim, não é de estranhar que a generalidade dos estudos que se focam na profissão docente demonstre claramente que os docentes são dos trabalhadores que mais se sentem desvalorizados e cansados.
Neste início de ano letivo, a Fundação Manuel Leão publicou uma nova investigação que vem reforçar o alargado conjunto de produção científica neste campo e com resultados condizentes com estudos recentes e com a realidade tão bem conhecida de todos nós, professores.
O questionário, que foi aplicado em escolas públicas e privadas, revela, por exemplo, que 91% dos professores considera que nos últimos anos diminuiu o prestígio da sua atividade, 85% entende que o Ministério da Educação não valoriza o seu trabalho e 84% dos professores considera que a sociedade não valoriza a profissão docente.
Ainda mais preocupante é o facto de 32,3% dos docentes considerar-se "exausto" e "desiludido".
Igualmente alarmante é a percentagem de docentes (87%) que afirma que sente que diminuiu o tempo e as condições que os professores têm para refletir sobre as suas práticas educativas.
As causas da insatisfação são, como sabemos, variadas, mas é a falta de reconhecimento profissional (57%) e a indisciplina na sala de aula (52%) que marcam negativamente a maioria dos docentes. De resto, e no seguimento deste último indicador, 74% dos professores sentem-se insatisfeitos com os pais por "não se preocuparem com a educação dos filhos".
Este estudo apresenta uma imagem da profissão docente que espelha as dificuldades quotidianas que todos os professores sentem. Pode ser consultado na íntegra em http://www.fmleao.pt/wp-content/uploads/2016/09/FML_PREOCUPACOES_MOTIVACOES_PROFESSORES_FINAL_baixa.pdf,
A ASPL, desde a sua fundação, tem pautado a sua atuação pela defesa intransigente dos professores e educadores de Portugal, lutando pela valorização da profissão e pela qualidade do ensino.Estes dois vetores são faces de uma mesma moeda que é impossível dissociar sob pena de acumularmos, como no passado, reformas políticas e estruturais do sistema educativo que, na prática, não alcançam os objetivos preconizados.
A valorização da profissão docente é, como provam os estudos, a imprescindível condição para melhorar a educação e o ensino. Os investigadores, os professores e os educadores sabem disso, os decisores políticos, se sabem, esquecem-se disso. Cá estará sempre, a ASPL para os relembrar!
Caro colega, tenha um feliz dia Mundial dos Professores. Bem o merece!
A Direção Nacional da ASPL